Avatar

04-01-2010 14:17

 

 

Avatar  

Um verdadeiro acontecimento cinematográfico.

Foi preciso um pequeno monstro para nascer um mundo deslumbrante.


 


Não vale a pena dissertar sobre o curriculum de Cameron – importante é que terminou a espera. 12 anos depois, chega a história que Cameron há muito queria contar – e que só quando viu Gollum, em O Senhor dos Anéis, é que percebeu que já existia a tecnologia de que precisava.

 

Em Avatar somos levados ao planeta Pandora, onde habita toda uma civilização de humanóides. Aqui, os aliens são os humanos, e as intenções são as de sempre: o lucro. No caso, o mineral unobtainium. Ficamos também a conhecer um fuzileiro que ficou paraplégico (Sam Worthington, a caminho de conquistar Hollywood) e que tem em Pandora a possibilidade de voltar a andar, através de um avatar – um híbrido, com ADN humano e do povo Na’vi.

 

A partir deste ponto entramos no mundo virtual criado por Cameron. É a tecnologia de ponta ao serviço da arte. Não há dúvidas: Avatar é visualmente imponente, uma experiência sensorial tão bem conseguida que é quase palpável.

 

A história em si acaba por ficar aquém do espectáculo visual. A atenção centra-se em duas mensagens bastante claras: uma sociológica (o choque cultural, os invasores que não respeitam a população que ali habita); e outra ambiental – ironicamente, a mais evoluída tecnologia do cinema está ao serviço de uma mensagem anti-tecnológica, de respeito pela natureza e, até, de um “regresso às origens”.

 

As personagens não primam pela originalidade – até porque Cameron está longe de ser talentoso a dirigir actores – mas funcionam bem neste contexto. Jake, o herói, tem qualquer coisa de Kevin Costner em Danças com Lobos. E Neytiri (Zoe Saldana), a heroína do povo Na’vi, é mais uma forte presença feminina no universo de Cameron.

 

Temos também Sigourney Weaver num papel de cientista, que, segundo consta, é o mais perto de auto-biográfico que veremos de Cameron em Avatar. E há ainda o mau da fita, o estereotipado coronel Miles Quaritch (Stephen Lang), que, da pose à ideologia, faz lembrar Robert Duvall em Apocalypse Now (com as devidas distâncias pois Duvall estava irrepetível).

 

E já que falamos de referências cinematográficas, a grande batalha do filme tem também qualquer coisa de Star Wars (uma batalha quase, quase à O Regresso de Jedi). Tudo junto, temos uma pequena celebração de Cameron à sua própria filmografia, fiel às suas ideias ambientalistas, em mais um projecto verdadeiramente megalómano.

 

A promessa era simples: Avatar ia mudar o cinema. Sobre a crença do realizador dizemos apenas que não será bem assim. Que o cinema continuará a ser uma arte sujeita às mais variadas formas de expressão. Ainda assim, esta gigantesca empresa chegou a bom porto. Avatar é revolucionário e incontornável. E, gostos à parte, é um verdadeiro acontecimento cinematográfico. E não apenas de 2009.

 

 

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