A dança Hip Hop... Da história aos estilos

Dança Hip Hop… Da História aos estilos.

A dança hip hop, é um estilo de dança bastante dinâmico e versátil que surgiu no final da década de 60 com o aparecimento da cultura hip hop, e que foi evoluindo ao longo do tempo.

Na década de 60, os jovens dos bairros americanos agrupavam-se em gangues para responder à opressão social (racismo, exclusão social, etc.) com bastante violência. Era comum o confronto armado entre os jovens dos gangues que, por tradição norte-americana, não se misturavam os grupos étnicos, o que fazia com que houvesse gangues de hispânicos* e gangues de negros. Quando um gangue invadia o território de outro, ou  ofendia alguém ou algo de outro gangue, o conforto era inevitável, e carregado de violência.

Então, a cultura hip hop surgiu por volta de 1968, com o objectivo de apaziguar os conflitos entre os jovens negros e hispânicos agrupados em gangues. O Seu nome tem origem nas palavras Hip (quadril, em inglês) e Hop (saltar, em inglês), logo, a expressão Hip Hop (saltar balançando o quadril) referia-se ao Break Dance, a dança mais popular da época entre os jovens dos gangues nova-iorquinos.

A cultura hip hop espalhou-se pela maioria dos bairros sociais de Nova York, principalmente quando surgiram as chamadas battles nas ruas dos bairros, que consistiam em eleger o grupo que melhor dançava. Isto incentivava os jovens a dançar em vez de lutarem. O gangue que mais incentivou as battles, foi a Universal Zulu Nation, que tinha como líder o DJ Afrika Bambaataa, que quando era jovem viu que as brigas entre os gangues não levavam a lado nenhum, e incentivou a expanção da cultura hip hop, e por isso, é reconhecido hoje em dia como fundador oficial do Hip-Hop.

Inicialmente a dança hip hop, tinha como base apenas o Break dance, que era dançado ao som das batidas (breaks) das músicas elaboradas pelos DJ’s e cantadas pelos MC ou Rapper’s. Com o tempo, a propagação da cultura hip-hop nacional e internacionalmente levou ao aparecimento de novos movimentos e estilos de dança hio hop, que foi ganhando variadas características, sendo hoje, a dança hip hop, não só o Break Dançe como inicialmente, mas o conjunto de todas as variações e estilos que dela advêm. Dos vários estilos que compõem a dança hip hop, destacam-se claro o Break Dancing, o locking, o popping e o krumping.

A dança hiphop começou apenas com o Break dance, que teve origem na dança Break que foi inventada pelos porto-riquenhos, e era através dela que expressavam sua insatisfação com a política e a guerra do Vietnam. Tinha inspiração, entre outras coisas, em movimentos de artes marciais, como o Kung Fu. Quando este estilo de dança chegou aos gangues de nova York, passou a ser denominado de Break Dance, a dança do Hip Hop. Esta dança era dançada nas battles dos gangues, inicialmente apenas pelos B.Boys e, mais tarde também pelas B.Girls. O Break Dance é a verdadeira dança de rua, onde os dançarinos improvisam a maioria dos seus movimentos, dançam horizontalmente, no chão, giram e fazem saltos ao ritmo da batida musical. É dançado em três fazes: a preparação, denominada por TopRock, que é um passo de funk estilizado que o dançarino utiliza para ganhar balanço, o Foot Work (trabalho dos pés) onde o dançarino projecta as pernas em volta do corpo continuamente, fazendo vários movimentos com elas, e, por fim a finalização da dança, denominada por Freeze, onde o B.boy finaliza a dança no solo ficando estático, geralmente numa posição acrobática. Os B.Boys caracterizam-se por usar roupa muito larga, que lhes permite uma maior mobilidade aos seus movimentos.

Mais tarde, na década de 70 apareceu o Loking em Los Angeles, Califórnia, foi criado por Don Campbell que em 72 formou o grupo, os The Lockers, o primeiro grupo profissional de street dance da história. Neste estilo, são característicos movimentos minuciosos de braços, usando os cotovelos, mãos e dedos. Este estilo é mais dançado em palcos e espectáculos do que nas ruas, e tem um estilo satírico, onde o dançarino usa roupas mais justas que no Break dance, geralmente usam suspensórios, e roupas com padrão de xadrez, dando-lhes um ar engraçado.

Também na década de 70, surgiu o Popping, numa pequena cidade americana chamada Fresno na Califórnia. Boogaloo Sam formou um grupo chamo Electric Boogaloo, e com ele fez aparecer esta variante do hip hop. O Poppin é a evolução de uma dança antiga, o Robot (que era apenas a cópia dos movimentos mecânicos de um robô), mas o estilo ficou muito mais complexo, pois, não é tão frio como um Robot, tem muito mais energia, e é acompanhada de movimentos de ilusão de óptica e mímica. Do Poppin também surgiu um passo muito conhecido e usado por Michael Jackson, o Back-Slide (deslizar para trás), pois Moonwalk como foi chamado por Michael, na verdade é quando se desliza para frente. Poppin é o estilo mais reservado do hip hop, onde os dançarinos usam blaizer, ou fato completo, e por vezes até gravata.

O Krumping surgiu mais tarde, em 1992, e foi criado por Thomas Johnson em Compton, Califórnia. É mais um tipo de dança de rua, e é caracterizada por movimentos livres, expressivos, exagerados e altamente energéticos que envolvem os braços, cabeça, pernas, peito e pés. Tal como no Break Dance, o Krumping é quase sempre freestyle (improvisado) e é dançado com mais frequência em battles ou na rua, em vez de no palco.

Todas estes estilos compõem a dança hip hop, que partiu de uma cultura, e foi evoluindo ao logo do tempo, sendo hoje uma dança extremamente complexa, ao contrario do que muitos imaginam, que obriga ao dançarino saber um pouco de todas as suas variantes, e que requer força, precisão, coordenação, concentração e muita imaginação. Hoje a dança hip-hop não é só uma dança de rua, e é praticada tanto em lugares fechados como abertos. Para alguns, tornou-se um estilo de vida: um caminho para ser activo no exercício físico, um hobby, ou uma maneira de viver a vida profissionalmente.

*Hispânicos - O uso do termo nos Estados Unidos , refere-se a cidadãos residentes nos Estados Unidos da América que sejam originários de países de língua espanhola da América Latina.

Joana Paraíba